estou concentrada no terrível abandono
que é a existência de cada um
e nada agora pode ser reduzido
é a visão do olho
aprisonada ao que vê
desde a cela de onde vê
estou concentrada na tragédia mais íntima
no detalhe, na partícula
na fração de um gesto, uma palavra
um silêncio
que desviou um destino
e nada agora
pode ser presumido
estou concentrada no tremendo vazio
das conquistas imaginárias
dos desejos apodrecidos, da dissolução
de uma vontade
nada agora
pode ser resumido
é a visão do olho
condenada ao que vê
desde a hora em que vê
Nenhum comentário:
Postar um comentário