17 janeiro 2006

Não Haveria de Ser

não haveria de ser
um só universo
mas vários, retidos, desdobrados
dentro de cada um
e não haveria de ser
um tempo apenas, mas tantos
concentrados por dentro e se sobrepondo
se sublevando, uma hora mais, outra menos
não haveria de ser
o destino a lógica
de cenas concatenadas, de fluxos
marcados de um futuro óbvio
e não haveria de ser o amor
uma trama lírica
de portas se abrindo para dentro
até um porto
mas seriam também várias mortes
por onde só o amor sabe passar
não haveria de ser a vida
uma engrenagem obediente
mas exatamente
a suprema aventura
onde o passo
tanto pode sucumbir ao risco
quanto pode
dominar o espaço

Nenhum comentário: