11 julho 2020

Impermanência

a tua impermanência assume o corpo

de todos os seres

e de todas as coisas

 

por onde passas

em tudo o que tocas e no quanto vês

tua inconstância imprime ausências

vagas

vigas

de profundo silêncio e solidão

 

conheces a vulnerabilidade da pedra,

do ferro, do aço

 

conheces a morte mais que Deus

 

no fundo, 

sabes que contigo viaja o fim 

de tudo o que existe

Silêncio

navego sem sentido
sem propósito


o tempo espreme o tempo e é conciso


em tudo nada sobra
mas eu fico


eu fico sem procura, sem princípio

no entanto, eu sigo


o mar desta viagem é o silêncio

A Novidade dos Sentidos

                 

se é turva e funda a água
do mar que habita a sombra
das palavras

se é curva a linha por onde se equilibra a palavra


se é só segredo o mais que conhecido
se é velha a novidade dos sentidos
se é sempre a mesma trama sem tecido
se é sempre essa procura sem chegada
se é sempre a mesma entrada sem saída
se é toda a solidão da minha vida
se é toda a minha vida